sábado, 23 de novembro de 2013

RESENHA

   O artigo Desafios Culturais da comunicação à educação, escrito por Jesús Martín-Barbero chamou muito a minha atenção pelo fato dele ter sido escrito ano de 2000, pois o mesmo contém muitas reflexões, visões e constatações bastante atuais  acerca da relação tecnologia e educação. Em suas reflexões ele traça um paralelo entre as informações produzidas nas escolas, educação/cultura, e as informações tecnológicas produzidas através das mídias. “(…) sou dos que pensam que nada pode prejudicar mais a educação do que nela introduzir modernizações tecnológicas sem antes mudar o modelo de comunicação que está por debaixo do sistema escolar”.
  Barbero fala sobre os desafios que as novas tecnologias da Comunicação geram para a Educação. E essas dificuldades não podem ser deixadas de lado caso se queira construir uma cidadania. Ele discute os empecilhos e a incapacidade de a escola mudar sua relação com a produção e a aquisição de conhecimento. O sistema educacional não propicia à escola a mudança que necessita para que a mesma possa contribuir com uma formação de qualidade. Já que o “modelo predominante é vertical, autoritário na relação professor-aluno e linearmente sequencial no aprendizado. Assim, impede-se que a escola se abra de maneira a enriquecer com as novas linguagens dos meios de comunicação. 
  Com as mudanças ocorridas nos últimos tempos, a escola não se esforçou em acompanhar, compreender e utilizar as informações trazidas pelos alunos, se limitando a reproduzir um formato já ultrapassado de aprendizagem. Ele descarta a mera aquisição de equipamentos e tecnologias, por parte da escola, para a transposição ilustrativa dos conteúdos. O autor se refere e levanta a questão é que não adianta modernizar as instituições de ensino com tecnologias se não houver um preparo para usar este mecanismo e, principalmente, mudar a forma de lidar com estas informações. O modelo pedagógico existente não será capaz de tirar a escola da inercia mesmo que tenha a tecnologia mais moderna, pois não são os meios, mas os problemas de comunicação que se apresentam no processo de aprendizagem entre professor-aluno. Tem que saber usar da melhor forma essas tecnologias, afim de capacitar os alunos para uma mentalidade crítica, fazendo-os ler o mundo de maneira cidadã.
  A escola usa os meios tecnológicos somente para ilustrar os conteúdos pragmáticos, não entendendo que ela deixou de ser o único lugar de produção de conhecimento, que existem outros saberes que circulam por outros meios e que ao entender isto, torna-se desafiador para o sistema educacional se adaptar ao mundo da comunicação. A educação não pode acontecer de forma separada das novas tecnologias que se apresenta como forma de nova comunicação.
   As ferramentas tecnológicas se forem bem aproveitadas pelo professor, ele poderá ter em suas mãos um recurso pedagógico que facilitará muito o aprendizado escolar destes alunos, que são e estão inseridos num mundo de comunicação rápida e midiática, que sabe ler o mundo com um olhar mais apurado, só precisando que o professor o ajude a direcionar este olhar para que possa criar uma sociedade mais justa e cidadãos mais críticos dentro deste mundo tecnológico.   
   Fico então refletindo, a partir da leitura deste artigo, sobre o uso das tecnologias na educação infantil. As tecnologias digitais, como computadores, as câmeras, o vídeo e, principalmente, os diferentes recursos disponíveis na web, como jogos, álbuns de fotografia e youtube - passaram a ser parte do cotidiano das crianças e, com isso, a questão mais comum tem sido como podem ser utilizadas do ponto de vista educacional. Limitar ou proibir o acesso das crianças a essas tecnologias é como limitar ou banir o uso de brinquedos ou de relações com outros amigos. A escola por sua vez não pode isolar as crianças do mundo em que vivem. O educador precisa tornar o computador e as tecnologias uma parte do ambiente natural da criança, é preciso que se crie novas formas de aprendizado, disseminação do conhecimento e especialmente, novas relações entre professor e aluno.


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